História
Não se sabe exatamente como e quando o movimento disco começou. Alguns dizem que ele surgiu no início dos anos 70, nas discotecas de Chicago, Nova York e Filadélfia, onde haviam festas totalmente dançantes, freqüentadas por um público alternativo. Outros afirmam que a disco music só começou mesmo depois da abertura da Studio 54 - em Nova York - e do lançamento do filme "Embalos de Sábado à Noite" em 1977, que foi a época em que a mania se espalhou pelas rádios, gravadoras, discotecas e estava gerando bilhões por ano. No entanto, a Disco não foi um gênero musical pré fabricado, criado em um curto período de tempo em que se possa estabelecer um ponto original determinado. Isso porque quando se fala da Disco Music, define-se um estilo musical que surgiu a partir da transformação de elementos de diversos gêneros musicais como do Soul, Jazz e Funk. Assim, para contar a história da música Disco é preciso viajar um pouco em cada um desses estilos até que se tenha formada a chamada Disco Music.
O que é Disco afinal?
Antes de entrarmos na história da Disco Music seria interessante definirmos e dizer sobre o que é que
estamos falando, o que é essa tal de Disco tão mencionada até agora. Quando falamos Disco, inúmeros
significados surgem nas nossas cabeças como por exemplo
música, dança, moda, ritmo, movimento, alegria, emoção. No âmbito musical, Disco é um imenso complexo de
arranjos orquestrados formado por cornetas e cordas, bonitas melodias e batidas que são o autêntico som e
sentimento das
pulsações do coração humano capazes de produzir efeitos psicológicos e fisiológicos na mente e no corpo de
qualquer pessoa.
Para se chegar a esse som chamado Disco passou-se por um longo processo de criação que
começou no início dos anos 60, quando a música negra (blackmusic) passava por grandes modificações. A
música disco ao contrário
de muitos outros estilos musicais da história não nasceu de uma acidental produção de novos músicos ou
cantores performistas de rua, mas foi uma forma artística que nasceu de um profundo entendimento da
psicologia musical e
do poder dos arranjos musicais elaborados por produtores, arranjadores e maestros de orquestras sinfônica
que tomando como base a música negra que estava ganhando reconhecimento nos Estados Unidos conseguiram
definir o início
da Era Disco em 1974 em termos de música popular. As batidas ritmadas como a do coração, a percussão
abundante, as vozes e arranjos vocais requintados, arranjos rítmicos de alto trumpete e de corda são
propriedades da música
Disco que revelam o quanto a música era calculada em detalhes desde da composição, arranjo, produção e
mixagem até nos efeitos artísticos, filosóficos e psicológicos de cada obra.
Influências:
A maioria dos sons que compõem a música dance surgiram da fusão do Soul dos anos 60 com o
Jazz Latino. Música composta por negros que inicialmente não obtinham sucesso devido ao preconceito da
sociedade e por isso
se mantinham apenas nos guetos escondidos. No entanto, no início dos anos 60, os negros ganharam mais
espaço e tiveram mais liberdade para criar e experimentar novos sons que mais tarde seriam usados pela
disco music. Durante
a metade dos anos 60 e início dos anos 70, época em que as maiores gravadoras de música negra como a
Motown Group, Atlantic and Atco e Stax dominavam o cenário da música soul dance, produtores, arranjadores
e maestros começaram
a criar sons, que se diferenciavam pelo aumento do tempo do compasso e do uso de cordas, adicionando
energia e excitação a qualquer música criada ali.
Outras gravadoras seguiram o exemplo e também começaram a experimentar novos arranjos com
instrumentos de sopro, flautas, trumpetes, cornetas ,levando a música "dance" para uma maior audiência.
Assim chegou o Funk,
que caracterizava-se por uma batida que tinha um tempo próprio, elementos percussivos mais sofisticados e
o sax, elementos que mais tarde seriam incorporados pela música Disco.
Até aqui só temos a influência da música negra - o soul e o funk, que eram de difícil
aceitação pela audiência branca. Nesse sentido, para expansão da música foi necessário um novo som que
permitisse aos brancos
descobrir o soul. Assim, surgiu o jazz que utilizando uma percussão mais latina envolveu o soul com um
sentimento mais pop e propagou a música negra no mundo. Passamos agora para os anos 70, os elementos da
disco estão se juntando.
Após o desenvolvimento do Soul, surgimento do Funk e o toque do Jazz, a disco music começou a se formar.
Como podemos ver é um erro de concepção comum que se faz quando dizem que a Disco Music
surgiu nas boates gays da America no início dos anos 70. A música Disco, apesar de ter tido grande
influência do sons desenvolvidos
nas boates GLS, foi muito maior e mais complexa do que isso, mesmo porque pelo que pudemos observar, a
música Disco já era popular e circulava por vários lugares muito antes. Também se falava que os filmes
"Saturday Night Fever"
e "Thank God It’s Friday" foram importantes pontos de virada para a chegada do movimento Disco. Para
aqueles que acreditam que a Disco foi apenas a pop dance music dos Bee Gees, isso seria verdade, porém a
história tratada
aqui se refere ao que chamamos no geral de Disco Music.
Chegada da Disco:
A Disco music começava a se expandir; a primeira gravadora responsável pelo movimento foi a
Salsoul Records, na Filadélfia, que misturava a música latina, salsa, soul e arranjos orquestrais. Foi a
Salsoul que produziu
talvez o primeiro hit considerado Disco no mundo, chamava-se "The Hustle" - que chegou até as boates e fez
o maior sucesso. Outras gravadoras foram de grande importância para que a música Disco ganhasse o mundo,
como Gold Mind
e principalmente West End Records que pertencia a Mel Cheren, denominado o padrinho da Disco por suas
idéias inovadoras que possibilitaram a criação de sons de qualidade gravados e promovidos em diversos
clubes noturnos da
época.
A partir de então, surgiram diversos hits que não saiam das rádios e embalavam a todos nas
diversas boates do mundo, movimentando um grande número de jovens que queriam sair para dançar e agitar a
noite inteira.
A disco ganhava espaço no cinema, assim como também na televisão. Surgiam diversos talentos Kc & The
Sunshine, Village People, Sister Sledge, Chic, Earth, Wind and Fire, Gloria Gaynor, Donna Summer e
diversos outros que
emplacaram grandes sucessos que são tocados até hoje. Famosas discotecas como a Studio 54 e Paradise
Garage, em Nova York, despontavam empolgando multidões em uma pista iluminada por globos e luzes coloridas
que ao som da Disco
Music não paravam de dançar.
A Disco chegou a gerar US$8 bilhões por ano para indústria musical. Em 1978 as estações de
rádio Disco alcançaram os maiores índices de audiência do mercado americano. No entanto, no final de 1979,
a música Disco
sofreu uma grande queda. O movimento que havia crescido de forma tão rápida e tão grandiosa perdia seu
espaço nas boates que começavam a fechar, na mídia e no mercado. Apesar disso, a música disco foi capaz de
modificar-se
ao longo desses anos, incorporar novas tecnologias e continuar sendo tocada seja através dos novos estilos
musicais que surgiam sob sua influência como o Techno, House, Rap, Acid ou a partir de regravações de
músicas da época
em um novo estilo que continuam fazendo muito sucesso.
Comportamento:
Os anos da Disco foram chamados de Era do Brilho, época em que as mulheres auto afirmaram-se
frente à sociedade machista e utilizaram-se de figurinos sexy e luxuosos para demonstrar também a sua
importância e seu
esplendor para todos que as discriminavam.
A música com os arranjos feitos por instrumentos de cordas e sopro deram um suporte para uma
empostação de voz feminina de forma que elas começaram a ganhar liberdade para interpretar as músicas ao
seu modo. A
beleza que a música Disco ganhava com a participação feminina favorecia a queda de antigos preconceitos da
sociedade contra elas. Isso quando as letras para vocalistas femininas, antes caracterizadas pelas
incertezas, melancolia
de espírito, indecisão traziam na época mulheres inteligentes, controladoras do seu próprio destino e
decididas. Música como "Queen of Disco", de Ruby Andrews; "Catch Me on the Rebound" de Loleatta Holloway’s
e "I Will Survive"
de Gloria Gaynor, são exemplos de músicas em que as chamadas divas da Disco interpretavam mulheres
absolutamente independentes.
Além das mulheres, outros grupos que antes foram discriminados começavam a ganhar mais
liberdade. A Disco Music revolucionou a maneira das pessoas se socializarem levando-as ao fantástico mundo
da discoteca onde
pela primeira vez na história pessoas de todas idades, diferentes origens étnicas e orientações sexuais
podiam olhar para frente e serem atendidos com dignidade. Existiam algumas discotecas mais sofisticadas
que não eram espaços
tão abertos assim, eram locais que escolhiam a dedo as pessoas que podiam entrar no estabelecimento. Como
exemplo temos a Studio 54, que permitia a entrada somente das pessoas mais bonitas ou famosas.
Entretanto, mesmo nesses lugares encontrava-se todo tipo de pessoas que mesmo com suas
diferenças se respeitavam e seguiam a ordem de todas as casa noturnas que era a Diversão. O comportamento
da época era totalmente
direcionado para o lazer, em que a dança era muitas vezes acompanhada por bebidas, drogas e sexo à
vontade. Um exemplo claro sobre a forma de pensar e viver a vida da época está retratada no filme "Studio
54" que conta a história
da discoteca mais famosa de Nova York, onde a liberdade era geral; as bebidas se misturavam com drogas que
eram vendidas e consumidas no local e o sexo era explícito em espaços específicos da boate. "Boogie
Nights" também é
outro filme que retrata bem os ideais que os jovens tinham na época. Entre inúmeros outros filmes que
tematizaram a época e que valem a pena ser assistidos por todos que curtem a Disco Music, estão: "Saturday
Night Fever",
"Grease" e "Thanks God It’s Friday".
Modas do Momento
As roupas foram uma grande marca da Disco Music, as cores espalhafatosas, os brilhos dos
lamês e strass ( tecidos das roupas ) mostravam que a época era mesmo da noite.
Como em qualquer movimento cultural , o vestuário trazia um simbolismo, uma mensagem. Com a
disco, durante a Era do Brilho, as roupas e maquiagens glamourosas expressavam a alegria, a energia do
espírito e a busca
pela diversão. O cetim e a seda utilizados evocavam o glamour dos anos 20 que complementados pela moda cor
traziam esplendor e cintilância para quem as usasse. O jeito sexy de se vestir foi totalmente incorporado
ao figurino
feminino, os tops USA, vestidos frente única, calças boca de sino, coladas e transparentes foram um
escândalo que abriram espaço para que as mulheres hoje tivessem mais liberdade para escolher o que vão
vestir.
A moda disco foi inspiradora para motivar os jovens a vestir suas roupas e querer tornar-se
reis e rainhas da pista de dança. Para isso, além de roupas luxuosas precisariam também saber dançar a
Disco Music muito
bem. A moda disco foi tão forte que até nas próprias discotecas haviam cabines de trocas para as pessoas
pegarem suas "roupas de dança" e seguirem direto para agitar nas pistas. Foram inúmeras peças que surgiram
na época, sapatos
plataforma, meias lurex, lantejoulas, purpurina, shorts entre outras.
Integrantes no mundo
A Disco Music veio à tona nos anos 70 com o sucesso, principalmente, de grupos como ABBA, Village People,
Bee Gees: O ABBA, grupo sueco formado por dois casais ( Anni /Benny com Bjorn/Anna ), foi formado em 1973.
No ano seguinte já emplacavam o hit "Waterloo"
nas paradas ianques. Os dois albúns seguintes trouxeram sucessos como "Mamma mia" e "Dancing Queen". O
grupo continuou bem até 1981, quando os casais separaram-se. "Thank you for the music" seria o seu albúm
derradeiro, em
1983.
Os reis do disco, os irmãos Barry, Maurice e Robin Gibb, os Bee Gees: o grupo nasceu em
meados dos anos 60. No começo, o único sucesso foi a balada "Words". Só em 75 chegariam
ao estrelato com "Jive Talkin". Em 77, com a trilha sonora do filme "Embalos de Sábado à Noite", os Bee
Gees ficaram conhecidos mundialmente, vendendo milhões de cópias. Ainda viriam sucessos como "You should
be dancing", "Night
Fever", "More than a woman", a emocionante "How Deep is Your Love" e "Staying Alive", imortalizada nos
passos de John Travolta. Os anos 80 não foram tão bons para os Bee Gees. Em 96 tiveram ( mais uma de
tantas vezes ) regravada
"How Deep is your love", pelo Take That . Nesse embalo, num sábado à noite, ensaiaram uma volta à cena por
volta de 97.
Em 1977, surge o Village People. O conjunto, grande representante da cultura gay, era formado
por 6 rapazes que caracterizavam-se de tipos como: policial, soldado, cowboy, motoqueiro... Logo de saída
emplacaram
"Macho man" e "Y.M.C.A". Em 79 lançaram o hit "In the Navy", e, no final deste ano "Ready for the 80’s" (
que no ano de 1980 não entrou nas paradas ). O Village People estrelou o filme "Can’t Stop The Music" e
depois disso
"sumiram" nos anos 80 depois um entra e sai de integrantes. Em 93 tiveram a música "Go West" regravada
pelo Pet Shop Boys - um ano depois a versão original foi colocada na trilha sonora do filme "Priscilla, a
rainha do deserto".
Outros integrantes do movimento disco não podem deixar de ser citados: Donna Summer, Jackson
Five, Gloria Gaynor, Blondie, Kool & the Gang, Vicki Sue Robinson, Sister Sledge, Earth, Wind and
Fire, The Tramps,
Diana Ross, Chic...
Integrantes no Brasil
Lady Zu em 77, com "A hora do leão", incendiou as pistas de dança. Mas seu grande sucesso viria um ano
depois no albúm "A Noite vai Chegar" no hit de mesmo nome e com "Lady é meu nome".
Junto com
Lady Zu, em 77,
surgiam As Frenéticas, grupo formado por 6 mulheres, cantando "Perigosa" de Rita Lee ( "eu sei que eu sou
bonita e gostosa..."). Mas a fama chegaria mesmo com "Dancin’Days" , tema da novela de mesmo nome da Rede
Globo. As Frenéticas
se separariam em 83, voltando em 92 com a música "Perua", para outra novela da Globo.
Em 78, uma garota de 18 anos, Maria Odete, a "Gretchen", lança seu single "Dance with me".
Com a fama, como símbolo sexual, Gretchen lançaria, em programas como o do Chacrinha, os hits "Freak le
boom boom", "me
gusta el cha cha cha", "Conga la conga" e "Piripiripiri".
Falando em Brasil, Lulu Santos, desde 94, vem flertando com a disco music. Com hits como
"Assim caminha a Humanidade", Lulu não fez feio nas pistas de dança. Em 96 regravou "Dancin’ Days" das
Frenéticas.
Não podíamos deixar de falar também em Edson Cordeiro. O cantor paulista lançou em 1997, no seu CD
"Clubbing", uma versão dance para "Ave Maria". No embalo da polêmica causada, no ano seguinte Edson, no CD
"Disco clubbing
ao vivo", recria sucessos disco dos anos 70. "It’s raining men" e "You make me feel" foram, junto com a
recente "Barbie Girl" do grupo Aqua, os pontos fortes do CD.
Em 1999, Edson Cordeiro lança "Disco Clubbing 2- Mestre de Cerimônia". Mais uma vez ele
passeia pela disco, num cd melhor acabado, feito em estúdio, trazendo além de hits como "Hot Stuff",
"Stayin'alive", as baladas
"The closer I get to you" de Roberta Flack e "Music and me" dos Jackson 5, além de um medley com sucessos
de Gretchen.
A mais famosa vertente da Disco: o Techno
A Disco Music dos anos 70 foi se transformando e teve algumas crias. O techno é a mais famosa destas
vertentes. Sobre o significado do nome "techno" diz-se que foi usado em épocas diferentes para dar nome a
diversos gêneros musicais. Os criadores desse
nome com certeza são os integrantes do grupo KRAFTWERK, que no começo dos anos 70 criaram a "música
sintética". Techno, identificava todas as música que eram feitas exclusivamente por computador, e assim
sem fazer uso de instrumentos
musicais tradicionais. Assim é certo dizer que techno são essas músicas que não só usam os computadores,
mas sim aproveitam seu imenso espectro de sons artificiais.
Nos anos 80 existiram
inúmeros movimentos musicais na Europa, que hoje são chamados de Industrial, Electro, Synthipop ou
Electronic Body Music, mas que, na época, chamavam-se techno. Uma prova disso, é o "Techno-Club
Frankfurt", fundado em 1984,
que há mais de 15 anos é um lugar de culto do movimento techno.
Na segunda metade dos anos 80, surgiu uma variação dance, em Detroit, que também se chamava
techno. Ela seguia os tipos de sons sugeridas pelo Kraftwerk, junto com os ritmos da música "House" de
Chicago. "Acid
House" é a nova moda em 1987/88 nos EUA, e um ano mais tarde na Inglaterra, onde nos primeiros dias foram
celebrados as primeiras RAVE. Isso tudo aconteceu, pela evolução de novos instrumentos (Roland 303 e
Roland 909). Nessa
época na Europa o "New Beat", uma variação dançante do Electronic Body Music, tocava nas boates. Em 90
começou a acontecer uma fusão entre o "House Groove"americano e o "Techno"europeu. Esse novo estilo, o
"Techno House" foi
a direção musical dos jovens dos anos 90.
Novas Modas
As boates, as pistas de dança hoje não sobrevivem apenas da Disco Music .As faladas raves,
festas de noites e dias inteiros, ao ar livre, são embaladas pela música techno ( feita somente com
instrumentos eletrônicos,
computadores... ). Todos "tomados pelo som", em trance - expressão usada para denominar a síncope, o
transe hipnótico reinante. Hoje, o movimento clubber é a voz que fala mais alto nas pistas de dança. A
inocência dos embalos
de sábado à noite foi trocada por drogas, promiscuidade e transgressão. O visual clubber é colorido, diz
não seguir moda alguma; piercings, tatuagens, cabelos rastafari ou punk são muito usados...
Disco Bands
Atualmente, muitos artistas têm feito releituras de sucessos da Disco Music, além de a ela mixarem o seu
estilo. Internacionalmente, Michael Jackson, Blondie, Rod Stewart e Cher são exemplos disso. Cher,
inclusive, lançou em 98 o albúm "Believe" com o
hit "Life After Love".
Anos 70
Foi a última década do período classic rock. É também conhecida como a "década da discoteca",
devido ao surgimento da dance music. Surge também o movimento punk.
A incorporação de instrumentos de música erudita no rock já havia se iniciado dos anos 60, mas só
ganhou ares de movimento (também derivado da psicodelia sessentista) no início dos anos 70, no que é
conhecido como rock
progressivo.
Artistas tão diversos se reuniram na proposta, sendo os de grande destaque Pink Floyd, Genesis,
Yes, Jethro Tull, Emerson, Lake & Palmer, King Crimson, Mike Oldfield, Van Der Graaf Generator, Gentle
Giant, no terreno
britânico. Também caíram no gosto bandas germânicas (Can, Faust, Neu!, Tangerine Dream, Amon Düül e
Kraftwerk) e italianas (Le Orme, Formula Tre e Premiata Forneria Marconi). Canadá (Rush), Bélgica (Univers
Zéro) e Holanda
(Focus) também dão sua contribuição.
No Brasil, destaque para os trabalhos de O Terço, O Som Nosso de Cada Dia, A Barca do Sol,
Rita Lee & Tutti Frutti, Rita Lee & Tutti Frutti, Casa das Máquinas e Sagrado Coração da Terra.
O disco que mais se destaca é The Dark Side of the Moon, de Pink Floyd. A banda baiana Doces
bárbaros, idealizada por Maria Bethania, Gilberto Gil, Gal Costa e Caetano Veloso. Surge o glam rock, onde
o chique e o glamour
faziam parte do visual. David Bowie, com o seminal disco The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the
Spiders From Mars é o maior expoente. Outros ícones do estilo são Marc Bolan e seu grupo T.Rex, Mott the
Hoople e até Elton
John aderiu.
A aceleração e distorção do blues, dando origem ao hard rock, também havia se iniciado ainda
nos anos 60, mas foi na década de 70 que ela surgiu com toda a força. Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep
Purple eram
as bandas que lideravam o estilo. Outros destaques são Kiss e Aerosmith. No sul dos EUA, o hard rock ganha
uma sonoridade característica, conhecida como southern rock, onde os grupos Allman Brothers Band e Lynyrd
Skynyrd são
os mais bem lembrados. Na relação rock e blues, os Rolling Stones têm a sua fase mais criativa no início
da década. A música voltava a ser popular e tudo acabava nas pistas de dança.
A disco music (ou dance music) resgatou o desejo pela dança através do "clássico" Os Embalos
de Sábado à Noite, estrelado por ninguém menos que o (então) iniciante John Travolta. Quando o ator vestiu
seu famoso
terno branco e jogou o braço para o alto, a discothéque estava vivendo um período de iminente decadência,
mas voltou a ser moda com todo o pique e reavivou o espírito de festa que faz parte do gênero dance music.
Símbolo incontestável
da disco music, o ator se tornou o deus das discotecas e das mulheres da época, além de exemplo para os
homens, e o filme lançou um novo verbo conjugado internacionalmente: travoltear.
Travolta ganhou imitadores nos quatro cantos do mundo. Era a febre das discotecas (a famosa
disco fever que deu nome a uma infinidade de canções) que assolava o mundo. Este fenômeno trouxe um novo
balanço para
a música pop, assim como gênios da música eletrônica, cujo maior expoente da época foi Giorgio Moroder
(responsável pela descoberta da 'rainha das discotecas', Donna Summer). E a discoteca virou um dos
símbolos supremos do
período, o templo onde se cultivou o narcisimo mais delirante, onde o corpo ganhou suas maiores
homenagens.
Ainda que não tenham especificamente determinado, foram as discotecas que estimularam a onda
esportiva que assolou o planeta nos últimos três anos de década. As discotecas e, naturalmente, a
permissividade sexual
quase absoluta dos grandes centros. Todos, e não mais apenas as mulheres, se sentiram no direito e na
obrigação de serem mais eróticos, mais satisfatórios visual e tatilmente. Daí a febre do jogging,
expressão americana que
começou a tomar o lugar do cooper a partir do final da década. Mais engajado que a disco music, o punk
rock, derivado da cena de Nova York blank generation (que reúne artistas tão diversos como Patti Smith,
Television, New
York Dolls e vários outros) investia contra o sistema.
A Inglaterra enfrentava uma de suas maiores crises. A recessão corria solta e o punk pregava
a anarquia através dos grupos Sex Pistols e The Clash, que dividiam o trono do movimento com os
nova-iorquinos dos The
Ramones. O rock voltava à sua forma primitiva, emergente das garagens e dos porões dos submundos inglês e
americano. Como se fosse um hiato entre a dance e o punk rock, surgiu a new wave.
Contrária ao punk, a nova onda celebrava o brilho do início da década. Algumas vezes a new
wave chegou até a flertar com a dance music através do Blondie, com Deborah Harry em seu hit 'disco' Heart
Of Glass. A
new wave foi perdendo seu ímpeto rapidamente; os famosos Sex Pistols se dissolveram, entre outros. Mesmo
assim o punk sobreviveu até o final da década.
Na música pop, a importância das palavras foi substituída pelo ritmo. Importava o balanço e a
quantidade de decibéis, coisa que propiciou a aparição de dezenas de grupos e estrelas de sucesso
fulminante e rápido
desaparecimento.
O efêmero e o descartável foram campeões em todas as paradas de sucesso. Modas e manias foram
atiradas em ondas sucessivas a todos os cantos do planeta. Pela televisão, naturalmente. Porque outro
rótulo perfeitamente
aplicável a este período é o de "Década da TV". Foi através do vídeo que o mundo se tornou infinitamente
menos secreto. Richard Nixon, o presidente americano deposto pelo caso Watergate, foi uma "personalidade"
típica das telas
de TV dos anos 70. Sua saída do governo foi festejada pela população dos EUA e o resto do mundo acompanhou
todo o escândalo "de perto", através da tela da TV.
Do último passo de dança no Studio 54 às crianças cambojanas morrendo de fome, todas as
emoções foram adaptadas ao mesmo nível da tela pequena. Outros esportes, sem falar da dança, viveram sua
explosão. E entre
todas as novidades, a mais surpreendente e emocionante foi a asa delta, de fulminante êxito.
A discoteca, o esporte: atalhos para a celebridade efêmera prevista pelo artista pop Andy Warhol
("No futuro, todos serão famosos durante 15 minutos", ele disse). E falando em fama, o automóvel ampliou
as fronteiras
do homem e transformou-se em sonho.
Nos anos 70, regido pelas exigências de mercado, pela legislação de vários países, chegou a
pesar mais de duas toneladas. No fim da década, para enfrentar a carência de petróleo, voltou a diminuir
de tamanho e
de peso. Mas ainda hoje é possível ver um daqueles "banheirões" andando perdido pelas ruas.